Por ser este segmento muito específico, apenas duas empresas participam desta edição do guia Logweb de Operadores Logísticos e transportadoras. Mas, em contrapartida, temos a presença de um embarcador – raro nestes guias – que comenta detalhadamente o que é operar com papel e celulose (ver mais adiante).
Os veículos utilizados neste segmento passam por um rigoroso processo de check-list, primeiro dentro da própria transportadora, com limpeza e higienização dos equipamentos, forração, que deve ser feita de maneira a não colocar em risco o produto, cintas suficientes, catracas fixas e deslizantes, cantoneiras de amarração de madeira e de papelão – além disso, os tetos devem ser inspecionados diariamente, garantindo a impermeabilização do equipamento.
“O cliente embarcador e o destinatário da mercadoria são extremamente exigentes na questão qualidade do equipamento, pois tanto caixas quanto chapas devem chegar ao seu destino sem danos, não comprometendo o produto a ser embalado”, completa Solange Aparecida Paladino Speglich, diretora operacional da Transportadora Paladino (Fone 11 4538-1077).
Quem também aponta as características da logística neste segmento, incluindo os diferenciais em relação à logística em outros setores da economia, é Gilvan Huosell Ramos, diretor geral da TRA Transportes da Amazonia (Fone: 92 3249.1699). Segundo ele, o diferencial é o tratamento no que tange à movimentação, ao manuseio, à separação, arrumação, ao carregamento e descarregamento, paletes e lotes desses produtos, em face de sua fragilidade e delicadeza, principalmente se tratando de papel e celulose.
Problemas
Em como todos os setores, este também enfrenta problemas.
A diretora operacional da Transportadora Paladino lembra um que julgam estratégico, não só para o papel e celulose, mas para todos os tipos de segmentos que trabalham: o horário de entregas devido aos problemas relacionados ao trânsito dos caminhões nos grandes centros urbanos, como São Paulo, o que gera a falta de mão de obra para atender esta demanda. Ainda segundo Solange, para poder contornar estes problemas a empresa desenvolveu equipes de trabalho que se especializaram em atender em horários estratégicos, diminuindo em mais de 85% o fluxo de multas de trânsito e garantindo as entregas dentro do período estabelecido, garantindo ao embarcador 100% das entregas realizadas sem pernoite ou estadias.
“A solução encontrada por nossa empresa – continua a diretora operacional – foi a contratação de motoristas vindos de diversas localidades e, principalmente, dar oportunidade de trabalho, formando profissionais dentro de nossa empresa, dentre eles ajudantes que passaram a motoristas, motoristas de caminhão que passaram a carreteiros, assim valorizando ainda mais nossa equipe, contando sempre com profissionais qualificados.”
Os problemas enfrentados na logística neste segmento pela TRA Transportes da Amazonia também são pontuais. Ramos afirma que, na Amazonia, o problema é a alta umidade do ar, provocada por chuvas quase o ano todo, impactando na conservação e proteção do produto em trânsito, principalmente nos percursos fluvial, sendo transportados por balsa e barcos, para as cidades dos interiores do Amazonas, Pará e Amapá.
Novas exigências
Já falando das novas exigências da logística neste segmento, ou seja, o que é exigido hoje que não era exigido anteriormente, Solange, da Transportadora Paladino, lembra que elas foram surpreendentes: altura e comprimento dos veículos. “Estamos trabalhando com veículos diferenciados. Nossos veículos hoje estão nos limites permitidos pela legislação, ou seja, nossos trucks estão com carrocerias siders de 10,50 m de comprimento por 2,90 m de altura, enquanto nossas carretas estão com medidas que vão de 13,30 a 15,50 m de comprimento, chegando a 2,84 m de altura nas carretas normais, o que equivale a 30% a mais de carga em cada veículo utilizado. Estas são medidas livres para a carga. Então, nós adaptamos nossos veículos e adquirimos uma nova frota com estes padrões”, diz a diretora operacional.
Por sua vez, Ramos, da TRA Transportes, aponta como novas exigências da logística no segmento: maior responsabilidade e comprometimento, visando a um atendimento impecável, rápido e eficaz, redundando em maior satisfação dos clientes, embarcadores e recebedores, fazendo um maior giro de mercadoria e capital.
Com a palavra, o embarcador
A Fibria (Fone: 11 2138.4000) é considerada líder mundial na produção de celulose de eucalipto, e por isto tem muita “base” para comentar a logística no segmento.
De fato, para a empresa, a logística é uma área bastante estratégica, por isso ela investe em diferentes modais, estruturando com detalhe as operações de acordo com as peculiaridades do setor e atuação, para garantir o transporte seguro, tanto da madeira, principal matéria prima, quanto do produto final, a celulose.
Para o transporte da madeira que abastece as unidades industriais, a Fibria conta com diferentes modais para garantir a agilidade no translado: o transporte rodoviário, ferroviário e o marítimo. “A madeira das áreas florestais do sul da Bahia segue por barcaças do Terminal Marítimo de Caravelas até a fábrica de Aracruz, ES, desembarcando no Terminal de Barcaças de Portocel. Neste sistema de cabotagem, a Fibria utiliza duas barcaças por dia, sendo que cada uma transporta o equivalente a 100 caminhões”, explica Wellington Giacomin, diretor de logística e suprimentos da empresa.
No entanto – continua ele –, a maior parte da madeira produzida pela Fibria é transportada por caminhões. Para otimizar o transporte rodoviário entre as bases florestais até as unidades, a empresa, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveu e patenteou uma nova carroceria para tritrens – caminhões de três eixos – mais leve e resistente e que permite um aumento de 10% no volume de carga. Ou seja, o que antes era transportado por 100 caminhões, agora é possível em 90. Giacomin ressalta que os engenheiros responsáveis conseguiram reduzir o peso da carroceria com a utilização de um tipo de aço mais leve e resistente, o que contribui para frenagens mais eficientes e seguras.
“Como a Fibria tem uma natureza exportadora, mais de 90% dos 5,3 milhões de toneladas de celulose produzidos pela empresa, incluindo 50% da produção da Veracel, seguem para países da Europa, da América do Norte e da Ásia, por isso a Fibria investiu na logística de exportação, dispondo de cinco navios desenhados exclusivamente para transportar celulose, permitindo um aumento na velocidade de embarque e desembarque da produção”, completa o diretor de logística e suprimentos.
Antes deste processo de exportação, para transportar a celulose até os portos – Portocel, ES, e Santos, SP – , a Fibria conta com três modais, conforme características das regiões. A celulose da unidade de Veracel, BA, segue de barcaças, que têm capacidade de 7,2 mil toneladas de celulose, até o terminal Portocel, onde é embarcada em navios. A produção da Unidade Aracruz percorre menos de três quilômetros em caminhões até o terminal Portocel, quando também segue para exportação. Já as produções das unidades Três Lagoas, MS, e Jacareí, SP, são transportadas por trens até o Porto de Santos, e daí despachadas em navios. Em Jacareí, por exemplo, a empresa criou um ramal dentro da fábrica.
“O Terminal Especializado de Barra do Riacho - Portocel, localizado em Aracruz, ES, é o único porto do Brasil especializado no embarque de celulose. Sociedade entre a Fibria (51%) e a Cenibra (49%), duas das maiores empresas produtoras de celulose no Brasil, o porto tem capacidade de embarque anual de 7.500.000 toneladas de celulose. Em maio deste ano, o Portocel atingiu um novo marco histórico de 80 milhões de toneladas de celulose movimentadas, desde que começou a operar, há 36 anos”, comemora Giacomin.
“Com os estudos de expansão da unidade de Três Lagoas e licitação do Porto de Santos, estamos trabalhando no desenvolvimento de estudos para obtenção da melhor alternativa logística para o transporte de nossa celulose por Santos”, continua o diretor de logística e suprimentos, falando das perspectivas de mercado da empresa.
Ele também lembra que a logística, em função das dificuldades dos modais atualmente existentes no Brasil, passou a ser um item de alta relevância na composição dos custos da empresa, o que tem impactado o desenvolvimento de estudos e a implantação de novas soluções competitivas.
No Brasil, existem muitos tipos de investimento, cada um com suas características e particularidades. Embora o objetivo seja sempre a obtenção de lucros, algumas aplicações são mais rentáveis do que as outras.
A importância da área de transportes consiste em operacionalizar o processo logístico. Como resultado, é possível garantir que a demanda dos clientes seja atendida conforme foi especificado. As funções de transporte e logística vão além da movimentação de materiais e passam a constituir uma ferramenta de gestão extremamente valorizada.
O Banco Mundial aponta que o Brasil ocupa a 56ª posição em performance logística e o sexto país em roubos de cargas, onerando as empresas locais. Conheça modelos e soluções que podem auxiliar o setor de distribuição a enfrentar os desafios de negócios